Hamilton Sobreira - Advogado
Engraçado o menino quando tem 16 anos, inteligente, gordinho, bem humorado; aliás, todo gordinho é bem humorado, último a ser escolhido para jogar futebol no par ou ímpar; mas 16 anos é fogo para "pegar" mulher, sem carro principalmente.
Ora, as meninas de sua idade só se interessam por caras mais velhos; 18 anos...humm, já pode ter carro; e as mais novas... Poxa, essas não interessam.
Qualquer atenção de uma mulher um pouco a mais, já é o necessário para ele estar completamente apaixonado; a mulher de sua vida! O travesseiro covarde sempre ouve as lamentações, mas na hora de dar opinião... Nada!
Surpreendentemente, em uma noite de festa junina, ocorrida no mesmo campo de futebol, onde nosso jovem era o último a ser escolhido, várias garotas... Nosso jovem estava atordoado.
Num ato admirável de coragem, chama sua donzela para dançar; ah, esqueci de dizer... Ele tampouco sabia dançar... Mas foi!
A moça logo percebeu que este atributo de dançarino lhe faltava. Como se não bastasse o primeiro ato de coragem, nosso herói foi mais longe: deu um beijo na moça. E adivinhem!!! Foi correspondido. Pronto, a receita certa para encontrar o amor eterno de sua vida, a mulher que sempre esperara. Bom, pelo menos ele achava.
O que aconteceu depois? Nosso jovem, com a auto-estima em alta, passou a maiores desafios, e isso virou uma bola de neve. Quando as meninas de sua idade viam seu sucesso com as outras, passaram a querer saber o que havia de tão especial. Resultado: só deu pro novo Dom Juan, e a menina que seria seu último primeiro amor, passou de largo. Embora confessadamente, seu carinho por ela ter sido a pioneira a descobrir os encantos, até então não despertados. Importante nessa nossa narrativa destacar que os dois atores jamais passaram de uns beijinhos, embora ninguém da turma acreditasse.
Pela atitude do jovem houve um afastamento meio forçado, pois o pai da menina, não permitira que aquele relacionamento a quatro permanecesse: ele, ela e as outras... Outras dele.
Embora com mais de uma, o rompimento foi drástico, e nosso corajoso herói chorou pela primeira vez.
Longos anos se passaram e o destino, o covarde destino, os uniu. Aliás, embora eu tenha dito destino, não quero dizer acaso; pois mais uma vez dotado de coragem nosso herói arriscou uma ligação que há muito não fazia, qual foi sua surpresa quando aquela voz no telefone reconheceu sua voz e chamou pelo nome: Jorge? – como ela poderia ter reconhecido tantos anos após? Pensava nele? Agora talvez já tarde, pois ambos comprometidos; um passo atrás seria demais. Dizem que a curiosidade mata. Ou ressuscita algo? Curiosos por saber como estavam, e principalmente o que sentiam, reencontraram-se mais uma vez. Uma última vez. Desta vez, adultos. Não tinham tempo para conversa e os olhos diriam o destino daquela noite. E, ao unirem o que há anos fora reprimido, e separado, ele, e ela, foram um por alguns minutos; e ao serem um, olho no olho, carne na carne, ele, ele chorou... Pela segunda e última vez.
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