quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A caixa

Antes que a porta abra-se, gostaria que soubessem:

 

 Estranho como procuramos evitar a solidão, o isolamento. Temos profundo medo de ficarmos a sós. Nem sempre imaginamos como seriam boas algumas horas de ostracismo, fechado em nós mesmos, para refletirmos tudo o mais que nos é verdadeiramente nosso, tornando à superfície de nossa consciência, nosso impróprio passado. Escrevo impróprio, pois que às vezes nem vivemos realmente o que queremos. Às vezes vivemos à sombra de outros, que vivem à sombra de outros mais, que já nem vivem... Por isso, o que há do lado de fora não me sensibiliza o bastante para que eu queira sair imediatamente. Nem o calor, nem a falta de ar daqui de dentro. Lá fora o ar também é pouco, rarefeito: entra pelo nariz a muito custo. Ouvi muita gente se queixando desse lugar como se fora a antecâmara da morte; como se estivesse preso dentro de um caixão. Mas... quer saber? Lá fora tudo é mais apertado. Pessoas vivas, pessoas mortas, pessoas cadáveres vivos... um andar, outro andar, e mais um... enfim a porta abriu.  Devagar saio, e já não sinto o conforto da minha câmara!  

1 comentários:

emanuelle disse...

Com certeza isso é verdade!

 
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