sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Jovens e tragédias: até quando?

         Sempre achei que o problema das drogas, leves e pesadas, não passa pelo consumo de maconha, cocaína ou crack - para citar apenas as mais comuns em nossa cidade, mas pelo consumo do álcool pelos jovens. Acredito ser o álcool a droga que abre a porta para todas as outras drogas. Abaixo um texto cheio de estatísticas da Vivina rios Balbino, psicóloga, que nos ajuda a entender, e sobretudo compreender, o motivo de tantas mortes entre os adolescentes.

          Por Vivina Rios Balbino - Psicóloga, mestre em Educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil

             Opinião – O Povo

Dados do uso do álcool no Brasil são assustadores. 30 milhões de brasileiros são bebedores de risco. Segundo a Associação Brasileira de Alcoolismo, cerca de 5% dos trabalhadores são alcoólatras. Pesquisa feita em sete capitais confirma a gravidade do problema: 70% a 88% dos adolescentes compram bebidas livremente. Essa droga é a causa esmagadora das ocorrências policiais e registros hospitalares.

 De 2002 a 2006, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou mais de 40 milhões no tratamento de dependentes e atendimentos hospitalares decorrentes do álcool. Quanto se gastou em 2011?

O álcool causa 10% de toda a mortalidade do País e crimes como estupros, agressões, violências domésticas. Segundo Leandro Reckers “o osso de um alcoólatra de 30 anos equivale à estrutura de um idoso de 75 anos”. O governo não pode ignorar os graves danos causados pelo álcool. Relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que os governos aumentem os impostos sobre o álcool, restrinjam as vendas, adotem políticas de prevenção do alcoolismo e programas de tratamento, além de proibir a publicidade de bebidas alcoólicas. Enquanto isso, em 2010, a AmBev produziu 5,9 bilhões de litros de cerveja e a produção nacional foi de 12,4 bilhões.

Pesquisa inédita do Cebrid sobre o abuso do álcool, coordenada por Zila Sanchez, com 15 mil jovens, será publicada na revista científica Drugs and Alcohol Dependence e traz dados alarmantes da bebedeira precoce e em família no Brasil. 25% se embebedam em bares; 21% em casa de amigos; 17% na própria casa ou de parentes; 33% bebem com amigos; cerveja é a bebida mais consumida e 42% dos jovens são da classe A.

Em 40% dos casos, a bebedeira ocorreu na própria casa, de amigos ou parentes mostrando fato de adultos verem como natural essa transgressão. O mesmo fato ocorre em bares e boates. Por que a lei não é cumprida?

Os EUA conseguiram baixar de 50% para 38% o consumo de álcool pelos jovens com leis severas. Menores de 21 anos são proibidos de comprar e beber. A Lei do Anfitrião pune até com prisão quem dá festa e permite bebidas alcoólicas para menores de 21 anos. Experiência que deveria ser praticada no Brasil com menores de 18 anos.

Aprimorar e exigir o cumprimento da lei é preciso, além de educar para os riscos do álcool nas escolas, comunidades e na mídia. Necessário regulamentar as sensuais propagandas de bebidas na TV que seduzem milhões de jovens para o vício, que mata e traz tantas tragédias, doenças, mortes e custos.

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