segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Onde estão as pessoas nas telenovelas?

O gênero dramático cativa-nos porque vemos nossa própria imagem refletida na figura do ator.

O gênero traduz todas as dores, alegrias, sonhos ou frustrações do ser humano da vida real, não só para as telas, mas para o papel ou  qualquer outro veículo de comunicação. As rádios da America Latina, na década de 50, viveram esse boom, onde as próprias fronteiras já não bastavam para conter o gênero no próprio continente.

Mas, para que o público desperte interesse para sua narrativa, um bom drama tem que ter uma boa dose de ação. Estes não devem se transformar em diálogos disfarçados de monólogos irritantes, reflexivos, quase nada comunicativos. Ação é o que conta. Ação é o que vai atrair as pessoas para o que está acontecendo, o que aconteceu, e o que pode acontecer nas idas e vindas de casais, da tragédia e felicidade daqueles que podem até ser seu vizinho – dado a familiaridade da cena, ou alguém do outro lado do mundo. Se há ação, há alguém curioso prestando atenção no drama a desenrolar. Mas não é qualquer ação que desperta o interesse das pessoas. Algo na ação tem que passar o clima de tensão, conflito, onde os atores do drama estejam em clima de 'guerra'.

E como transformar uma ação, onde estão implícitos todos os ingredientes de um bom drama, em um programa de sucesso no rádio? Não é tarefa fácil. Temos que saber criar situações onde possamos explorar as contradições de interesses entre os personagens. Podemos mesclar situações onde envolva relação de poder, desejo, vaidade e querer, por exemplo.

Para se ter uma boa história, onde possamos relacionar todas as situações acima mencionadas, e fazer com que o drama esteja sempre envolvido e envolvente para os expectadores, é necessário, antes de mais nada, criatividade e um bom argumento, capaz de levar ao expectador, ou ao ouvinte, a querer acompanhar toda a trama, do início ao final, sentindo-se envolvido com um ou outro personagem do drama. Vale lembrar que a criatividade não surge do nada. Precisa, primeiramente, de vivência. Sem a vivência, o autor não pode apreender da realidade todos os matizes do drama humano, toda a sua complexidade. É da vivência que naturalmente surgirão conversas, fator importante de pesquisa. Claro, um escritor ainda poderá, para completar seu mundo de imaginação, ler livros, escutar séries de rádios, televisão, assistir a filmes, tudo é válido para adquirir conhecimentos essenciais para compor personagens marcantes para o público.

Tendo o conhecimento sólido sobre os personagens, resta a ideia do texto: seu começo, meio e fim. Saber como eles vão se relacionar entre si, pensando em que tipo de público você quer atingir. Você deverá trabalhar o argumento para que o público possa prender sua atenção no programa desde o primeiro momento e sempre esperar, ansioso, pelo próximo capítulo no dia seguinte. Para isso o escritor tem que ser capaz de criar um clima envolvente. Se possível prender a atenção do público logo de início. Para conseguir esse feito, o argumento do drama deverá passar por três etapas básicas. Primeiro, onde e quando se deu a ação. Segundo, quais são os personagens principais e, terceiro, escolher o subgênero que será utilizado. Se você conseguir transmitir uma boa introdução do plano geral da história, logo após é preciso aprofundar os conflitos entre as personagens e, por fim, conseguir um bom desfecho para sua trama. Depois desse método posto em prática é certeza de uma boa audiência do programa. Ah, não podemos esquecer a identificação das pessoas com algum dos personagens. Pode ser tanto o protagonista da trama, quanto o antagonista. O importante é que o público crie uma identidade com sua história.

E como conseguir que o público se veja nos personagens? Para que isso aconteça é necessário que os heróis ou bandidos da história estejam o mais próximo da realidade, ou seja, o herói não é divino, cabendo a ele todas as fraquezas que um ser humano possa apresentar. E nem o bandido é mau a toda hora, porque na verdade ninguém é assim. Hoje assistimos claramente essa equivocada maneira de apresentar personagens na teledramaturgia brasileira. 

Outro truque para aproximar seus personagens ao máximo com a vida lá fora é apresentá-los em situações idênticas à vivida pelo telespectador. Nada de coisa mirabolantes.

Criar histórias é principalmente observar todas as nuances das relações entre as pessoas de carne e osso.

0 comentários:

 
;