Nada mais característico em nossa cultura do que o disse-me-disse. Você pode ser o mais cético dos mortais, mas sempre existe uma história que você ouviu de um conhecido, que ouviu de outros, que já ouviu de outrem... Fatos que foram interpretados pelo observador sem nenhum compromisso com a boa informação. Claro, ninguém tem a obrigação, apesar de ser preferível, de somente passar a informação correta e objetiva. O mundo seria por demais grave se ao invés de afirmarmos que a nossa vida poderia ser um livro aberto, referirmo-nos à ela como a um jornal aberto, cheio de sangue, publicidade, e pretensa objetividade.
Portanto, somos tentados a acreditar em uma história bem contada, sem nos preocuparmos de saber se ela é verdadeira ou, pelo menos, parcialmente verdadeira. Principalmente quando se trata de um caso amoroso de aguém que conhecemos, ou um escândalo político.
É aqui que eu queria chegar.
Confiando na 'capacidade' dos brasileiros de acreditar em conversa-pra-boi-dormir, besteirol e na sensibilidade artística de acreditar no surreal, tivemos recentemente uma revista que abriu suas páginas para uma pessoa que já foi preso - reparem bem no detalhe dessa informação, sem que eu precise escrever em caixa alta - foi preso por desvio de dinheiro público, portanto, de caráter duvidoso, e a dita revista utiliza-se dele embasando uma denúncia na tentativa de derrubar um Ministro da República do Brasil. Coisas estranhas assim é frequente acontecer no país: um preso, ou ex-preso, acusando Ministro de Estado e o povo, sem refletir, acredita.
Mas por que isso acontece?
Primeiro porque a história foi bem contada; segundo, porque é como escrevi no início, quando surge conversas sobre políticos metidos em algum trambique, até o mais bem intencionado queda diante do costume no país, de achincalhar políticos.
Infelizmente, é desse discurso que as revistas vivem, ou melhor, sobrevivem às nossas custas.
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