segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bao Chi! Bao Chi!

Pesquisando pela internet descobri esse interessante livro de Luís Edgar de Andrade sobre a guerra do Vietnã. Mais fantástico foi descobrir que ele nasceu em Fortaleza. O título do seu livro, Bao Chi!, tem tudo a ver com o nome do blogue.  

 

 

Foi a mais sangrenta guerra de guerrilha na história. Quase dois mil repórteres passaram por lá. Quarenta e oito correspondentes morreram em combate e dezoito foram dados como desaparecidos. Uma experiência profissional de alto risco, o Vietnam significou para os jornalistas, nos anos 60, o que a guerra da Espanha tinha simbolizado, nos anos 30, para a geração de Hemingway e Malraux: um momento de paixão e aventura. Mas o jornalismo convencional foi incapaz de cobrir o conflito em toda a sua extensão. Ao voltar para casa, em 1974, o correspondente inglês Gavin Young escreveu: 'A Guerra do Vietnam espera pelo seu romancista. Só um romance, talvez, será capaz de reunir todos os aspectos da conflagração'.

 

Luís Edgar de Andrade passou o ano de 1968 no Sudeste Asiático como correspondente de guerra. Chegou a Saigon, hoje Ho Chi Minh, no final da ofensiva do Tet, e foi um dos poucos jornalistas que cobriram o cerco de Khe Sanh, a base americana sitiada durante três meses por norte-vietnamitas e vietcongs. Trinta anos depois, ele recorre à memória para recriar a guerra do Vietnam como ficção. BAO CHI, BAO CHI, seu romance de estréia, introduz na literatura brasileira um personagem fascinante: o correspondente de guerra.

 

O protagonista desta história é o repórter Miguel de Arruda que, ao perder o emprego, larga a namorada no Rio de Janeiro e parte para Saigon como free-lancer a fim de cobrir a guerra que está nas manchetes dos jornais no mundo inteiro. Ao chegar no Sudeste Asiático, apaixona-se por uma misteriosa brasileira que o acompanha na linha de frente. Ao longo do romance, numa mesa de bar, Miguel descreve sua adaptação à cultura e costumes do povo vietnamita, revelando os bastidores do conflito e o segredo de uma cobertura. O livro mostra o ambiente de tensão, loucura, solidão e medo vivido pelos correspondentes. É o relato emocionante de um brasileiro que testemunhou o abalo pelo qual o mundo passou naquele ano inesquecível, 1968.

 

A palavra bao chi, em vietnamita, quer dizer imprensa, jornal, repórter. Como os correspondentes de guerra eram obrigados, no Vietnam, a usar o mesmo uniforme dos soldados americanos, eles costumavam se identificar, de mãos para o ar, com o grito Bao chi! Bao Chi! quando se defrontavam com os guerrilheiros vietcongs. Nesse caso, a expressão significava "Não atirem. Sou jornalista!".

 

Luís Edgar de Andrade nasceu em Fortaleza. Graduou-se em direito e filosofia na Universidade Federal do Ceará e fez pós-graduação em jornalismo na França. Atuou como repórter e editor nos principais jornais e revistas do Rio e São Paulo. Foi editor-chefe do Jornal Nacional da Rede Globo, diretor de redação da Rede Manchete e gerente de programas jornalísticos da TVE-Rede Brasil.

(www.editora.com)


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