Na antiga Roma, já no tempo dos Imperadores, era praticado o chamado Pão e Circo. Pão para alimentar os numerosos capite sensi, a classe mais baixa do povo, e circo para ocupá-los e distraí-los. Foi a morte política do povo romano, que ficou cada vez mais ocioso, afastado dos assuntos importantes de Roma.
Mas não foi em relação à política que citei o exemplo da prática do Pão e Circo de Roma. Foi para afirmar o caráter institucional dos jogos. No caso de Roma, o circo. Nenhuma semelhança com o nosso tão prestigiado futebol. Ou será que há? Parece-me que há mais semelhanças do que diferenças. A paixão dos brasileiros, seu circo, ou seja, o futebol, está quase tão institucionalizado quanto os jogos daquela época. E porque afirmo isso? Porque de acordo com a reportagem no site Agência Brasil, o governo é credor de mais da metade das dívidas dos clubes de futebol. Conforme a reportagem, a dívida em 2009 ultrapassou R$ 2,4 bilhões. O mais curioso e estarrecedor é que os números mostram que apesar das dívidas terem crescido em comparação com a dívida de 2006, que foi de R$ 1,3 bilhão, os clubes sempre aumentaram suas receitas. Entre 2008 e 2009 houve um aumento de 14,7%, quando os clubes passaram a arrecadar R$ 1,4 bilhão. Talvez seja aquela velha história de que ninguém quer assumir uma empresa falida, mas todo muito deseja ser presidente de um clube de futebol.
Outro dado importante sobre os números apresentados pela matéria da Agência Brasil é de que do total das receitas dos clubes, 27% correspondem a cotas de televisão e somente 12% são relativas a bilheterias. Por isso que nas entrelinhas das transmissões dos jogos da Seleção, temos a sensação de ouvir o Galvão falar "minha seleção" ao invés de seleção brasileira.
Através dessa matéria podemos concluir que o espetáculo do futebol encobre muitos males e que o governo, abertamente, mantém o circo, garantindo, não só o divertimento para nós brasileiros, mas principalmente, encobertando enriquecimentos espúrios e diversos outros atos ilícitos que lesam os cofres públicos.
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