Em encontro casual, dois amigos que há muito não se viam cumprimentaram-se. De um deles, a constatação foi rápida e sem rodeios - ou arrudeio, como diriam os cearenses: ‘tá com uma’ barriguinha’, hein, companheiro!’. Pondo a mão instintivamente no lugar percebido pelo amigo, falou-lhe o outro se utilizando do argumento que sempre escuta das pessoas: é, meu amigo, casei! Mesmo sabendo não haver nenhuma relação verossímil entre a vida conjugal e a estética de ‘barril de chope’ que acompanha certos homens.
Sobre isso, os especialistas afirmam que é o metabolismo do ser humano que ao passar dos anos, reduz sua velocidade, proporcionando, assim, um tempo maior do alimento dentro do nosso organismo. Mas quem liga para especialistas? Nós gostamos mesmo é do Mito, criado e desenvolvido pela capacidade do homem real. Do homem trágico, como afirma o filósofo.
Analisando dessa perspectiva, poderíamos até supor a troca do maior símbolo cristão de união entre um casal, as alianças, pela proeminência do músculo que fica entre o tórax e a bacia. No sagrado matrimônio a mulher vinha com esta: ’Receba essa aliança em sinal do meu amor’ - será que é assim que elas falam?Não me recordo. Nunca senti necessidade de um símbolo para perceber uma união, e sim, de fatos - Mas aí o homem retribuía com: ‘Receba esse abdômen como reconhecimento da nossa união’ E todos teriam a certeza de que, dali por diante, aquela jovem barriga, bem constituída, ficaria, em poucos dias, preguiçosamente enorme e flácida. Seria a prova irrefutável de uma vida a dois; ele sempre no sofá com a cerveja e o jogo de futebol, ou sempre comendo da maravilhosa cozinha que sua atenciosa esposa preparar-lhe-ia todos os dias. E em qualquer festa se daria o mesmo. Ele chegaria com aquela inominável pança, todos diriam: ‘o casamento vai bem, hein, fulano... olha só que barriga, rapaz!’
E quanto a ela? Bom, ela uma imperceptível aliança no dedo que a muito custo e pouca distância seria notada.
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