domingo, 11 de novembro de 2007

Jornalistas. Atirem!

De Luiza Matos Estudante de jornalismo É dever do jornalista denunciar a realidade. Muito irônico da nossa parte, passar horas entretidas com o lazer dos nossos textos intimistas. Mas que não está favorecendo em nada ao mundo. Como já dizia Alberto Dines: “Antes de dormir, pergunte a você mesmo se naquele dia ajudou a humanidade.”. Certamente não é tarefa fácil falar dos momentos em que estamos indo exercer nossos cargos diários e nos deparamos com crianças e adolescentes nos sinais, fazendo qualquer espécie de malabarismo para que chamem nossas atenções em nossos carros confortáveis, com ar condicionado. Quando o sinal se aproxima do momento de abrir, já é hora de baterem em cada janela e tentar receberem seus trocados. Quando não ignoramos acelerando rapidamente, damos qualquer moeda e saímos com a sensação de que estamos fazendo um grande bem pra humanidade. Será que estamos mesmo? E depois dos sinais, para onde vão aquelas crianças? Será que para suas escolas públicas de péssimas estruturas e ensino? Ou vão para o beco mais próximo trocar toda a esmola por drogas? Quando saímos em Fortaleza nos sábados a noite, colocamos a prostituição como plano de fundo da cidade e continuamos nossa curtição. Isso é, quando não se aproveita qualquer garotinha pra enfeitar o passeio. Ninguém vai atrás de saber o motivo pelo qual elas tão seguindo esse caminho, a educação que tiveram em casa, o abuso sexual muitas vezes cometido pelos próprios familiares. Sem falar das vezes em que seus pais necessitaram da assistência do governo, nos hospitais públicos, que eles mesmos pagam com seus impostos, e não a tiveram. Estando à beira da morte, esperam por alguma vaga para serem atendidos, mas o critério de escolha para serem consultados é: ainda tem como escapar com vida? Ou vamos ocupar leitos com pessoas quase mortas? Esse estado de decadência no setor público muitas vezes faz com que meninas ainda muito novas vão para as ruas venderem seus corpos, muitas vezes estando eles até em “promoção”, por qualquer dois reais. Onde ficam os jornalistas nessa história? Vão continuar ocultando em suas matérias toda essa realidade? Permanecerão escrevendo textos medíocres para continuarem em seus “jornaizinhos” fazendo a vontade dos burgueses, interessados apenas na lucratividade, que descaradamente exigem textos objetivos, lhe deixando passivos a essa disparidade social do Brasil. Atirem sim, jornalista! Atirem na presidência educacional, onde nada se faz para melhorar a base pública do país. Atirem na decadência social da sua cidade. Escrevam, formem pautas, revelem claramente o que vemos todos os dias, mas que nossos olhos não se surpreendem mais. Não deixem que o Brasil seja cada vez mais referência, no exterior, de prostituição e pobreza. Não que isso seja o mais importante, mas devido essa fama estrangeiros vêm buscar aqui meninas para exportarem como produtos e intensificar a prostituição. Toda essa realidade pode ser comum, entretanto jamais podemos tornar essas mazelas aceitáveis. Luiza Matos é estudante de jornalismo da FA7. Tem um blog muito interessante com textos muito bem escritos. O seu blog 'Pedaços Meus' é um dos blog que coloco como dica aí do lado

1 comentários:

Carlos Eduardo Sampaio disse...

Acredito ser a função social dos jornalistas tão importante como qualquer instituição de educação.Por isso é dever do jornalista ficar atento aos fatos injustos que os cercam.

 
;