Chuva, rede, cafuné e pé na parede

Por Hamilton Sobreira

Advogado

Esquecendo um pouco os danos que a chuva causa...

O que a chuva te faz lembrar? O que a chuva te faz querer? O que a chuva te faz sonhar, te faz, fazer?

Ah, chuva com cheiro de mato lembra fazenda, lembra sítio, lembra descanso, lembra avó.

Já chuva com cheirinho de café, lembra mãe, lembra aquecimento no frio.

Chuva assistindo sessão da tarde com um pacote de cream cracker e suco de limão, lembra infância.

Chuva deitado em uma rede na varanda lembra nordeste, redezinha baixa, mão no chão vermelho para balançar; o corpo todo coberto por um lençol velho e fino. Respingo da chuva na telha, a casa pintada com "super-cal" branquinha, e o pé na parede deixando aquela marquinha de pé sujo.

Deitado na rede espero você chegar ainda com rostinho de sono. Anda minha nega, deita aqui em baixo, o mundo para, o respingo continua, mas a temperatura sobe. Só queria que o mundo parasse agora - aliás, poderia até acabar. Com uma condição: que você me aperte. Mas aperta pro frio passar...

Você ao meu lado nesse deleite. Chuva, rede, cafuné e pé na parede.