As eleições são um fardo para muita gente. Sair de casa no dia de domingo para enfrentar fila, não é das coisas que o fortalezense goste de fazer, mesmo as eleições sendo realizadas a cada dois anos. Quando estamos na fila escutamos de tudo um pouco: pessoas indignadas votando apenas para dar mais poderes a outros; alguns pelo simples fato de estarem em uma fila, pois bem poderiam estar em suas casas, bebendo o estoque de cerveja, ou de cachaça, que compraram um dia antes, por causa da Lei-Seca; pessoas desacreditadas da política; muito raramente encontramos pessoas interessadas em saber sobre as propostas desse ou daquele candidato.
Li diversos analistas políticos que teorizavam sobre a despolitização dos debates do 1º turno. E não tenho nenhuma dúvida a respeito disso. Pois as pessoas não tiveram outra preocupação a não ser nos casos de corrupção, nos boatos, na difamação e, alguns mais perspicazes, até falavam sobre as roupas ou cabelos das candidatas, ou que estavam achando esse ou aquele candidato mais gordo ou mais magro, mais velho ou mais novo. Tudo isso por culpa da imprensa. A imprensa!, sim, por que não?, para muitos a única fonte de informação sobre as campanhas. Os eleitores não tiveram a oportunidade de lerem sobre as propostas de governo dos candidatos nos jornais, somente sobre os 'escândalos' e, como os candidatos – principalmente os que estavam atrás na corrida presidencial – se pautavam pela mídia, a despolitização tomou conta dos debates televisivos – que convenhamos cada vez mais fracos.
Mas o que eu queria dizer realmente é que, apesar desse universo de despolitização, descontentamento, injúrias, difamação, eu e minha esposa saímos de casa alegres. Contentes por participar desta enorme festa da democracia brasileira. Fomos exercer nossa cidadania vestidos das cores da nossa bandeira nacional (eu sabia que a camisa da seleção brasileira - triste lembrança - iria servir para alguma coisa), convictos de que gozamos de uma liberdade de escolha jamais sonhada nesse país. E nos sentimos mais livres ainda, por que fomos votar em um grande projeto para o Brasil, e não em pessoas, que só tem a oferecer apenas o nome em troca de votos. Votos esses, aliás, comprados muitas das vezes com dinheiro, com a amizade cega e com a desinformação alheia.
0 comentários:
Postar um comentário