sexta-feira, 16 de abril de 2010

Gesto de agradecimento.

Foi ontem, a hora do almoço, que me informaram sobre as pretensões de rapinagem dos EUA de tomar posse da área do pré-sal brasileiro. Fiz uma cara cínica de espanto, mas insisti - como você chegou a essa conclusão? Explicou-me. E pelo que pude compreender há uma permanente frota estadunidense naquela região esperando o momento oportuno para tomar de assalto o que de direito é do Brasil. Não consegui entender tamanha ênfase do meu interlocutor; assunto por demais mexido e remexido. Claro, nunca como notícia oficial, mas como boatos, especulações.

Tomando nota do assunto exposto, fiquei então perplexo ao imaginar o mundo com duas nações gigantescas, EUA e China, precisando urgentemente do ouro negro para atender sua demanda sempre crescente.  Pensei, comi, tornei a pensar. Comi mais um pouco, para em seguida pensar novamente: como somos pretensiosos em repassar informações para os outros, de temas tão fugidos do entendimento! Será que se passa assim com os novos jornalistas, que saem das inúmeras faculdades de nossa cidade, sempre prontos a transmitir alguma notícia em que a falta de bom senso tolheu a vontade de averiguar?

Levantei-me. Fui ler um bom livro sobre crônicas para entender como pensavam os protagonistas da minha cidade na década de setenta: os jornalistas, os industriais, os avant première, como diz o autor do livro que escolhi. 'Cartas do Beco', do Lustosa da Costa, deixou-me fascinado pelo vernáculo hoje esquecido. O Autor, apreciador de uísques dos bons, escreve sobre Solidão, mesmo escrevendo sobre sua vida cercada de amigos, mulheres e viagens.  O livro instiga o estudante de jornalismo, o historiador, e o admirador de literatura. Como aspirante à classe média, me faz refletir sobre vários pontos, dentre eles, o traço psicológico da pequena burguesia de então: "classe média metida à besta", cita o autor, em uma das passagens do livro, que revela a superficialidade das aparências, nos clubes de luxo de Fortaleza. De lá pra cá, nada mudou. Ou melhor, mudou e muito. Estão mais metidos. Afogados em créditos, sempre esquecendo a palavra débito a reboque.

Você, meu caro autor, receba meus mais sinceros votos de agradecimento, por tardes tão agradáveis, com palavras ricas de dados históricos, fruto de alma igualmente rica.    


0 comentários:

 
;